segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ronan

Oi meu filho.
Faz um solo pra mim em sua guitarra vermelha,
Sei que a música é sua vida.
Nem fui que te ensinei a ser tão musical.
Me dedique uma canção em dó maior;
Quero dançar ao som do seu amor.
Me diga que é feliz, eu preciso saber.
Nada sei de você, nada me contas
Quando seguiste em outra direção soltei sua mão.
Agora te busco e não chego nunca,
porque seu palco está muito acima do chão.
Volte alguns passos,
improvise.
E me dedique uma canção.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Meu quarto, meu santuário

Fiz do meu quarto um santuário, onde a parede é a redoma e a janela o portal do mundo.
Por ela vejo luzes, saio. Volto pra dentro de mim.
Nele permito e proibo; sou a única senhora.
Dona do meu sono, dos meus lápis, dos meus  livros.
Meu quarto é um refúgio, dos medos que eu possa ter.
Falo comigo e me respondo. Nunca estou sozinha.
Somente a lua, vez ou outra, espia com indiscrição meu velho pijama.
Não me importo com a lua. Ela é cúmplice desse interlúdio noturno, e do suave adormecer a que me entrego.
Fiz do meu quarto um santuário.
Para que nele permaneça, dentre todas as essências, apenas aquela que me faz feliz.

Pai

Quero escrever alguma coisa... Qualquer coisa, pro meu pai.
Ele não pode ler... Quem sabe pode sentir.
Já viajou faz tempo.
Era de noite e nem se despediu,
não levou bagagem, só partiu.

Pai, de vez em quando eu te perdôo.
De vez em quando eu choro.
de vez em sempre eu te amo.

Acho que só eu compreendi, sua curta vida de uísque e violão.

Quero dizer alguma coisa... Qualquer coisa pro meu pai.
Ele não pode ouvir... Não mais.
Já adormeceu faz tempo
Num mes frio de junho, um frio que nem sentiu,
e como fez tantas vêzes, simplesmente partiu.

Suas viúvas já te esqueceram.
Mas eu te lembro pai, na intensa e curta vida de uísque e violão.

Repenso os beijos, tão poucos,
o amor que não foi contado,
o tempo que te neguei, e tardiamente busquei,
numa foto do passado.
Ainda assim eu te amei.

Você foi feliz meu pai.
Com seu uísque na mão... E na outra o violão.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Aquilo em que acredito

"Não me acusem de ser insensata e absurda pelo meu amor sem amanhã. A realidade pode ser de vocês, mas a esperança é minha".

"A arte de fazer amigos é privilégio de poucos. Conservá-los, um raro prazer".

"Essencial é sonhar, ainda que em preto e branco. Pior do que isso, só a tela vazia".

"Não se pode ser sempre filho do rigor. Há que se ter suavidade com a vida".

"Muito do que eu sinto tento mostrar nos olhos. É que às vêzes as palavras não chegam a tempo".

"Sou poeta. Alma flexível. Jamais vou desistir".

"Sempre estive determinada a ser feliz. E nem meus inimigos conseguem me fazer mudar de idéia".

"Nunca fui miserável com a vida. E nem ela comigo".

"Solidão é um ponto de vista".

"Com tanta feiúra no mundo, seria muito egoísmo de minha parte não tornar pública as belezas em que acredito".

"Dizem que trocar de marido é trocar de problema. Até concordo, mas detesto rotina".

"Ainda bem que nem sempre partir é sinônimo de adeus. Breves despedidas, muitas vezes são esquinas que dobramos para ver o sol por outro ângulo".

"O riso é efêmero, passageiro. O que não se pode negar é que nesses breves instantes ele se torna a luz de uma alma".

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Simples Assim

Você é parte de mim.
Lembranças não se desfazem no tempo somente porque assim o desejamos.
Muitos outonos passarão sem que eu te esqueça.
Porque você veio a mim e me ensinou o seu nome.
E desde então, eu apenas te amo.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Outono de mim

Meu outono é chegado.
Equilibrado... Ou não. Pacificado... Até certo ponto.
Num processo constantemente revalidado de emoções libertas, e/ou prazeres reprimidos.
Meu outono é sem gramaticidade, sem muros, como sempre fui: simplesmente Maria.
Poetando nas manhãs de uma vida, sem grandes pretensões literárias. Meus versos, eu os dou, generosa, como toda geminiana que se preza, à aqueles que conspiram com a liberdade, aos que acreditam, que sempre há tempo para um último poema.
Meu outono, eu o desprendo de mim, absoluto e intocado.
E deixo-o nas mãos dos que acreditam, como eu, que as árvores desnudas também têm sua beleza.